Saturday, December 23, 2006

Questões de identidade nacional ou simples questiúnculas?

Levantou-se o pano que cobria a aparente amistade entre os músicos portugueses. No palco, instalou-se a polémica, esgrimiram-se argumentos que extrapolaram a questão principal. Terminou-se, assim, numa discussão sobre a identidade da cultura portuguesa, algo bem mais abrangente que o panorama musical do nosso querido país.

Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, espicaçou os “mc’s tugas”, que, por sua vez, atacaram verbalmente esta banda e muitas outras, ou seja, tanto o que se passa no interior do movimento Hip-Hop, como fora. Falo, como já devem ter percebido, de Sam the Kid, com “Poetas de Karaoke”, do ábum “Pratica(mente).

Quanto às incoerências do Hip-Hop nem me vou pronunciar. Quanto à entrevista na Antena 3, que só ouvi parcialmente, há falhas lógicas na argumentação de Sam the Kid. Mas quem sou eu para estar também a estimular mais controvérsia.

Dêem uma vista de olhos e tirem as vossas próprias conclusões.

NightKay

@Rascunho

Forum Moonspell

Sunday, December 10, 2006

A minha segunda casa

Ao fim de oito anos de uma existência conturbada, o mais famoso palco independente do Norte vai mudar de espaço. Por isso, não sei se é maior a tristeza ou a felicidade em ir hoje ao Hard Club, que é, definitivamente, uma segunda casa para mim. Celebra-se, com o concerto dos suecos Opeth, o 9º Aniversário da sala de espectáculos que acolheu os grandes nomes da música nacional e internacional, assim como projectos alternativos e embrionários. Já para não falar na vista deliciosa para o Douro e para a Ribeira, o Hard Club tem uma estrutura secular completamente diferente de todas as salas de espectáculos no Grande Porto, e, em quase uma década, apoiou várias tendências, dando um enorme contributo à cultura do nosso país. O rock, o metal, o punk, o hip-hop, o drum'n'bass, o trance, o jazz e outros estilos, por muito experimentais que fossem, tiveram sempre as portas abertas. Daí que muitos de nós tenhamos frequentado o espaço inúmeras vezes, passado por momentos inesquecíveis, assistido a concertos memoráveis. O Hard Club e as suas reminiscências da arquitectura industrial, a envolvência de ferro e pedra,tornou-se um projecto inovador e abrangente, palco das capacidades artísticas de quem nele quis intervir. Todo ele murmura gargalhadas, choro, tanto de tristeza, como de alegria, música...

Para concluir, vou a este aniversário com uma grande mágoa. Parece que vamos festejar o fecho desta grande infra-estrutura cultural do Norte, um espaço plural, aberto, ecléctico. No entanto, obrigada Hard Club pelos bons momentos. É com uma enorme nostalgia que hoje te vou visitar mais uma vez.

P.S. Opeeeeeeeeeeeth, já falta pouco...!

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Saturday, December 09, 2006

Opeth

The Drapery Falls

Please remedy my confusion
And thrust me back to the day
The silence of your seclusion
Brings night into all you say
Pull me down again
And guide me into pain
I'm counting nocturnal hours
Drowned visions in haunted sleep
Faint flickering of your powers
Leaks out to show what you keep
Pull me down again
And guide me into
There is failure inside
This test I can't persist
Kept back by the enigma
No criterias demanded here
Deadly patterns made my wreath
Prosperous in your ways
Pale ghost in the corner
Pouring a caress on your shoulder
Puzzled by shrewd innocence
Runs a thick tide beneath
Ushered into inner graves
Nails bleeding from the struggle
It is the end for the weak at heart
Always the same
A lullaby for the ones who've lost all
Reeling inside
My gleaming eye in your necklace reflects
Stare of primal regrets
You turn your back and you walk away
Never again
Spiralling to the ground below
Like Autumn leaves left in the wake to fade
away
Waking up to your sound again
And lapse into the ways of misery


O tempo voa... É verdade é já amanhã o tão esperado concerto dos suecos Opeth, no Hard Club!

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Linda Martini - Tertúlia Castelense

"O amor é não haver polícia"

Linda Martini apresentam novo álbum

Os Linda Martini rumaram para o grande Porto e apresentaram, dia 12 de Novembro, o primeiro álbum, "Olhos de Mongol", o sucedâneo do EP, no Tertúlia Castelense, na Maia. Depois do concerto em Lisboa, a primeira apresentação pública do CD, no Santiago Alquimista, vieram ao Norte confirmar o que já se previa: um álbum consistente e uma presença em palco plena de energia.

A banda, que já causava burburinho na imprensa e fidelizara um público específico, demonstrou ser um dos grandes alicerces no panorama musical português. No Santiago Alquimista, em Lisboa, a lotação foi esgotada, de certo uma página marcante na curta, mas auspiciosa, carreira do quinteto lisbonense.
No Porto, repetiu-se, de alguma forma, o cenário. O bar não era muito acessível em termos geográficos, mas às onze horas já estava cheio. A decoração do Tertúlia Castelense em harmonia com os tons quentes e acolhedores da sala faz que este bar se distinga da maioria dos locais em que se r
ealizam concertos no grande Porto. No geral, o bar tinha todo um ar requintado e o palco algo teatral, com colunas a lembrar a cultura helénica.
Com apenas vinte minutos de atraso, os Linda Martini entraram em palco. A sua sonoridade é intensa e, por vezes, emocionalmente caótica. A música desta banda de Queluz/Massamá já desde o EP que é algo paradoxal: os riffs são descontrolados controladamente e encantam pelo caos organizado. Sem uma gramática musical predefinida, os Linda Martini arriscam e enveredam por terrenos sonoros marcados por algum experimentalismo (que fazem lembrar Mogwai, Explosions in The Sky, Isis e Cult of Luna). Apesar de não renegarem momentos cantados, com letras em língua materna - curtas, sinceras e directas - dão primazia a um formato maioritariamente instrumental. A língua, neste caso, não parece ser uma barreira, visto que o som é transversal e com um imenso potencial de ser internacionalizado.

A presença em palco foi contagiante e cativou o público, como seria de esperar. Até a humildade e a interacção entre os membros da banda foram aspectos positivos. Hélio Morais é, sem dúvida, um óptimo baterista, que acrescenta nitidamente influências da escola hardcore/punk que também caracterizam a banda. Num concerto de cerca de hora e meia, seguiram o alinhamento de "Olhos de Mongol" e aproveitaram também para relembrar o EP. Destaca-se a utilização de um sample de "FMI", de José Mário Branco, no tema "Partir para ficar", de instrumentos como melódicas e harmónicas que se aliam a dinâmicas de um pós-rock sujo.

Os Linda Martini continuam a divagar por paisagens melancólicas, mas com uma força estonteante. No Tertúlia Castelense, apesar de “Amor combate” ter sido, provavelmente, o tema recebido com mais entusiasmo, até porque muitos já sabiam a letra de cor, "Estuque", "Lição de Voo nr.1", "Cronófago" e "Este Mar" também foram momentos altos.
O único ponto realmente negativo foram as condições de arejamento da sala. Era quase impossível aguentar o ambiente carregado de fumo, que irritava a garganta e, principalmente, os olhos.
O título do álbum "faz referência ao escritor norte-americano Henry Miller que assim descreve a troca de olhares entre perfeitos desconhecidos que, por nenhuma razão além do olhar, estabelecem uma empatia imediata". Foi quase isso mesmo que aconteceu no Tertúlia Castelense, entre a banda e o público.

in JUP, Dezembro 2006

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Tuesday, December 05, 2006

Rodrigo Leão apresenta em disco duplo o seu "mundo"

Rodrigo Leão lançou, dia 20 de Novembro, um duplo álbum - "O Mundo (1993-2006)". Mais do que um "best of", o disco relembra o vasto percurso musical do compositor. De facto, a unicidade e originalidade do artista perpassa os 27 temas que integram este álbum.
O single de apresentação do disco é “Voltar”, um tema inédito que conta a história de um amor perdido, em tom agridoce, cantado por Ana Vieira.

O videoclip desta música também já foi lançado. Para este registo, foram regravados temas originais, como "Carpe Diem", "Amatorius" ou "Ave Mundi Luminar", e apresentadas músicas inéditas.

Com efeito, o álbum, que inicia logo com uma canção em português – Rua da Atalaia -, engloba, ainda, temas presentes em discos de homenagem (como por exemplo “A Janela”, de “Movimentos Perpétuos - Música para Carlos Paredes”), e temas compostos para outros projectos dos quais fez parte - "Tardes de Bolonha", composto para Madredeus, e "Ascensão", para Sétima Legião.

O bilhete de identidade desta colectânea mantém-se fiel ao passado, mas, ao mesmo tempo, evolui, no sentido em que agrupa, num todo coerente, composições distintas: umas luminosas e envolventes, com melodias quase sagradas, outras marcadas por sonoridades sombrias e, até mesmo, industriais.
O resultado é único: uma oportunidade, em formato duplo, para relembrar as mais sinceras atmosferas sonoras criadas ao longo dos 13 anos de carreira em nome próprio de Rodrigo Leão.

Antes de se aventurar numa carreira em nome próprio, Rodrigo Leão foi membro de dois grandes marcos no panorama musical português: Sétima Legião e Madredeus. A primeira banda, apesar de um pouco desprezada na altura, teve um papel preponderante no âmbito do pop/rock nacional da década de 80. Madredeus dispensa apresentações: das bandas mais reconhecidas quer em Portugal, quer a nível internacional.
Em 1993, o músico editou o seu primeiro registo sob o nome de Rodrigo Leão & Vox Ensemble - "Ave Mundi Luminare". Dois anos depois, lançou um EP, exclusivamente editado na Península Ibérica - "Mysterium". Foi precisamente nessa altura que Rodrigo Leão abandonou, arriscadamente, os Madredeus. Passando para estéticas sonoras mais densas e algo teatrais, compõe, em 1996, "Theatrum". Em 2000, surgiu um dos discos mais marcantes da carreira do músico - "Alma Mater". Com este registo sonoro conseguiu levar a sua obra a um maior número de ouvintes. No ano seguinte, sai "Pasión", gravado na Aula Magna de Lisboa. Por fim, "Cinema" é editado em 2004 e as vendas valeram-lhe um Disco de Ouro.

Desde cedo que Rodrigo Leão desperta o interesse dos melómanos mais atentos, assim como de artistas estrangeiros, nomeadamente Adriana Calcanhoto, Beth Gibbons e Ryuichi Sakamoto, entre muitos outros. Partindo de conceitos, como o da 7ª Arte, que serviu de ponto de referência para "Cinema", resultando numa espécie de banda sonora de filmes que marcaram o compositor; o do canto lírico em Latim, nos primeiros álbuns; até da arte teatral, Rodrigo Leão, que já pisa os palcos há mais de vinte anos, tem encontrado sempre novas maneiras de construir uma canção, novas influências conceptuais, musicais e estéticas que conferem à sua discografia uma nova sonoridade, sem renegar a sua identidade musical.

O próximo concerto de Rodrigo Leão conta com a presença do músico italiano Ludovico Einaudi no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, já no dia 28. Todavia, para se saborear esta colectânea em dose dupla, só em Fevereiro de 2007.

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