O "Shangri-La" de Wraygunn
O lançamento do quarto álbum de Wraygunn é já no próximo mês. A banda portuguesa, depois do sucesso do registo de 2004 - Eclesiastes 1.11 - aposta numa postura mais soul e menos gospel. A colaboração com o guitarrista Matt-Verta Ray (Speedball Baby, Heavy Trash) é dada como certa. O mesmo não acontece com a de Ben Harper. O álbum terá também uma presença maior de vozes femininas e dele faz parte «Rusty Ways», com Raquel Ralha e Selma Uamusse.
Agora - Keep on Prayin' para eles virem ao Porto actuar!
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A poesia social de Ursula Rucker
Três anos depois do concerto no Rivoli, Ursula Rucker voltou a Portugal para apresentar o seu novo álbum, terceiro de originais, "Ma'at Mamma". Depois de uma longa espera de 45 minutos, Ursula Rucker entrou no pequeno palco da Fnac de Stª Catarina. Os técnicos andavam para a frente e para trás até avisarem que Ursula ainda ia demorar cerca de 20 minutos. 20 + 20 claro.. Às 5.30 começaram, então, a preparar o palco e o baterista e guitarrista entraram para fazer o checksound. O público já começava a ficar saturado com tanta demora. Quando Ursula Rucker entrou, os presentes aplaudiram até que... o microfone não estava nas melhores condições. Muito bom para começar. Pior: no final da primeira música perguntou quem ia estar presente à noite no Indústria e quase ninguém levantou o braço. De repente, o rosto de Ursula Rucker expressou a grande desilusão perante a resposta.
Licenciada em jornalismo, as letras de Ursula arrepiam, assim como o ritmo, a dicção e o sentimento.
Desde sempre Ursula sentiu uma necessidade enorme de documentar o mundo que a rodeia. Preocupada com os problemas sociais - toxicodependência, pobreza, racismo, abuso de mulheres - cria poemas e declama-os com uma suavidade e transparência encantadores.
Para Ursula Rucker a verdade é acessível, quando os olhos, ouvidos e mente estiverem abertos para amar. Talvez por isso as palavras dela sejam tão intensas e despidas de hipocrisia. Sem receios, põe o dedo na ferida e debita poesia corrosiva e sincera. Percebe-se que é uma artista independente, um espírito livre e superior que nos surpreende a cada momento.
Nem 20 minutos o showcase durou, no entanto, deu para testemunhar, mais uma vez, a enorme solidez vocal, o dom da palavra, o dom da frieza e sentimento das mesmas. Estas são lançadas num ritmo estonteante para a dimensão da consciência social, em que a crueldade do mundo real predomina. As estórias são de dor e os ritmos bebem influências tanto do Hip-Hop como do Trip-Hop.
Uma artista de referência com uma veia poética criadora de ambientes intimistas com uma linguagem sonora própria. Só ouvindo.
"don't underestimate my poetry/ my rime is sweet but deadly" - Ursula Rucker
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