Thursday, August 03, 2006

The Dixie Boys + Texabilly Rockets + Loveless Cuisins

O barco ardeu com a viagem de regresso aos anos 50, às raízes do rock. Foi o último dia da segunda edição do Great Shakin' Fever, que contou com a presença de The Dixie Boys, Texabilly Rockets e os espanhóis Loveless Cuisins. Quanto a estes últimos não me poderei pronunciar, pois já não estava presente. Esta edição revelou-nos a faceta intimista, familiar e bem-humorada do universo sonoro Rockabilly.
Ainda não eram 11 horas quando entrei no Porto-Rio que estava quase deserto. No entanto, senti imediatamente que recuara no tempo. Estava tudo vestido a rigor e no ar respirava-se o amor por este estilo musical. A música ia entretendo os presentes até que entrou em palco a primeira banda, os The Dixie Boys, do Porto. É de realçar que o concerto começou apenas com cerca de 20 minutos de atraso; sem dúvida, uma demonstração de profissionalismo. Rapidamente o barco Gandufe se encheu e se tornou mais animado. O microfone, as roupas e os penteados que remetiam para a década de 50, as imagens das pin-ups nos instrumentos, o espírito, a paixão pelo Rockabilly dos The Dixie Boys despertou os presentes. Em termos de qualidade sonora, estava tudo muito bem até alguém se ter lembrado de avisar que a voz estava muito baixa. Para mim não estava, mas os músicos imediatamente pediram para isso ser alterado. A meio do concerto, um senhor já alcoolizado (ele que me desculpe, mas só podia estar) desatou, extasiado, aos saltos e aos berros (eram mais os palavrões que vocabulário decente). "Partam os instrumentos"; "Mais alto, ponham isso no máximo" - gritava. Em relação a isto só tenho uma coisa a dizer: Bêbados não têm opinião. A sonoridade remetia até para o faroeste e Ricardo Prazeres, o vocalista, já se preparava para cantar um dos temas sem o chapéu que, pelos vistos, usa habitualmente para essa música. Até os tão famosos sons dos índios foram incluídos no tema (peço desculpa se não foi no mesmo) e encaixaram-se na perfeição. Os The Dixie Boys aliam ainda o country ao espírito rockabilly,o que lhes dá outra impressividade.

No intervalo, deram-se uns passinhos de dança; os mais ousados, todos alinhados, abriram uma roda e divertiram o público restante. Ainda deu para uns sorrisinhos e mesmo gargalhadas (sim, refiro-me a mim) com um senhor de look à la Elvis que para lá andava, que, apesar da idade, quase descia ao chão com a agilidade de um jovem (ou talvez seria só o efeito do álcool?)

Os lisboetas Texabilly Rockets, banda formada em 1993, foram bastante acarinhados pelo público que vinha dos mais diversos locais da Península Ibérica. Espanhóis e portugueses uniram-se para viver uma noite de retrospectiva. O próprio vocalista, também contrabaixista, Wildcat Shaker, não se esqueceu desta característica do público e saudou todos eles. A simpatia dos músicos, a qualidade da sua música e a própria presença em palco (que, apesar de não ter grandes movimentações, pôs imensas pessoas a dançar, quase ninguém resistiu ao ritmo efusivo do género musical) cativaram e renderam a assistência ao concerto. Entretanto, o barco aquecia e demais. Todavia, e embora o calor fosse sufocante e estivessem a ser pressionados a abandonar palco por questões de limite de tempo, visto que ainda iam actuar os Loveless Cuisins, os Texabilly Rockets voltaram ao palco para mais duas músicas que deliciaram o público que tanto havia aplaudido na esperança desse regresso por mais uns minutinhos. Podem ter "desrespeitado" ligeiramente o tempo de actuação, mas respeitaram os fãs. Neste caso, o que é mais importante?

O Porto-Rio tornou-se um retrato a sépia dos anos 50. Foi como se tivéssemos regressado ao passado numa máquina do tempo (claro que isto para quem não estava habituado a tal ambiente como eu). No final, o espectáculo acabou por ser uma libertação, um refúgio dos dias de hoje e da vida citadina e acelerada da Invicta. Parar no tempo não é obrigatoriamente negativo; aproveitar o que há de bom dessa década pode proporcionar óptimos momentos. Este último dia do Great Shakin' Fever foi exemplo disso mesmo.

P.S.: Obrigada por tudo ao empregado do Clube Golf and Beach Resort de Óbidos!
P.S. 2: Fotos por: Sara Santos Silva (a.k.a. Likas Meow)

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