Massive Attack - Coliseu do Porto
Depois de terem actuado dia 8, em Lisboa, no festival Hype @Tejo, os Massive Attack rumaram para o Norte, deliciando os seus fãs no Coliseu do Porto. Claro que depois de algumas críticas negativas relativamente a esta passagem por Portugal, as expectativas do público já não eram tão elevadas. Este grupo de Bristol, presença assídua nos palcos portugueses, continua a encher (não esgotou por pouco o Coliseu) as salas por onde passam. Tudo isto porque têm uma invulgar capacidade de proporcionar uma experiência diferente em cada concerto, consoante o cenário.
Já passava das 9.30h quando as luzes se apagaram e a música que entretinha o público parou. Num palco banhado por focos azuis entrou o tão esperado grupo de Trip-Hop, que iria ser a única banda a actuar. Choveram aplausos e, de repente, todo o recinto pareceu mais pequeno; aliás, muitas das pessoas que chegaram atrasadas tiveram de ir para a zona da tribuna, porque a plateia estava repleta. Tirando os muitos problemas técnicos (e sou uma leiga a falar disto), ao nível dos microfones e das duas baterias, principalmente, o espectáculo foi uma autêntica viagem que apesar de ter uma tonalidade deprimente e melancólica, fascinou pela beleza das melodias densas e pela electrónica humanizada.
Os britânicos Massive Attack vieram apresentar o seu último trabalho editado, "Collected", uma espécie de best of que revisita 15 anos de carreira e inclui uma ou outra novidade. Por isso mesmo, foram quase duas horas a recordar temas que durante anos deleitaram os presentes. As críticas também não eram nada positivas em relação ao concerto no Sudoeste em 2004 (se não estou em erro), o que parece compreensível: Massive Attack não é um bom projecto para festivais e a sua prestação acaba por ficar muito aquém do potencial dos seus discos. O Coliseu rapidamente ficou com um ambiente quase familiar, apesar da pouca (isto para não exagerar) interação entre os músicos com o público. Sobressaiu a iluminação; a banda quase que era ofuscada por uma espécie de muro de luzes que dava todo um aparato cénico, sem evidentemente distrair do elemento auditivo. O pior foi fotografar o concerto com todas aquelas luzes, era praticamente impossível. Todos os músicos se tornaram vultos. É ainda de realçar o "ataque massivo" de mensagens contra a guerra no Iraque. Já em 2002, a banda havia tomado uma posição pública sobre o estado de guerra que se vive na fronteira iraquiana e as intenções norte-americanas de intervir militarmente no país liderado por Saddam Hussein. Aliás, Robert "3-D" Del Naja chegou a deixar uma mensagem no site oficial da banda, manifestando-se contra a intenção dos Estados Unidos e pediu mesmo a unidade dos músicos britânicos para impedir a ida das tropas de Sua Majestade para aquela região do Médio Oriente. No muro luminoso foram, então, passando fugazmente números chocantes relativos a mortes de militares e ao dinheiro gasto na guerra.
Elizabeth Fraser destilou todo o seu poder vocal e demonstrou mais uma vez a fantástica intérprete que é. Não admira que "Teardrop" tenha sido evidentemente um dos momentos altos do concerto. Isto sem desprezar todas as outras participações que foram tão valiosas como as de Elisabeth. O público do Norte mostrou novamente como se recebe bem uma banda e calorosamente cantarolou alguns dos temas, acompanhou os ritmos com palmas, não poupou assobios às vozes que arrepiavam qualquer um e, após uma saída repentina do palco, bateu incansavelmente com os pés no soalho já antigo e estremeceu o Coliseu para mais uns minutinhos de viagem. E assim foi. Entretanto, a banda de Bristol está também a preparar «Weather Underground», o próximo disco de originais. E (preparem-se) já está confirmada a participação de Mike Patton neste novo álbum!
Data: 10 de Junho 2006
Preço: 25 e 30 euros
Site Oficial: http://www.massiveattack.com/
Foto: Sara Santos Silva (a.k.a. Likas Meow)
Já passava das 9.30h quando as luzes se apagaram e a música que entretinha o público parou. Num palco banhado por focos azuis entrou o tão esperado grupo de Trip-Hop, que iria ser a única banda a actuar. Choveram aplausos e, de repente, todo o recinto pareceu mais pequeno; aliás, muitas das pessoas que chegaram atrasadas tiveram de ir para a zona da tribuna, porque a plateia estava repleta. Tirando os muitos problemas técnicos (e sou uma leiga a falar disto), ao nível dos microfones e das duas baterias, principalmente, o espectáculo foi uma autêntica viagem que apesar de ter uma tonalidade deprimente e melancólica, fascinou pela beleza das melodias densas e pela electrónica humanizada.
Os britânicos Massive Attack vieram apresentar o seu último trabalho editado, "Collected", uma espécie de best of que revisita 15 anos de carreira e inclui uma ou outra novidade. Por isso mesmo, foram quase duas horas a recordar temas que durante anos deleitaram os presentes. As críticas também não eram nada positivas em relação ao concerto no Sudoeste em 2004 (se não estou em erro), o que parece compreensível: Massive Attack não é um bom projecto para festivais e a sua prestação acaba por ficar muito aquém do potencial dos seus discos. O Coliseu rapidamente ficou com um ambiente quase familiar, apesar da pouca (isto para não exagerar) interação entre os músicos com o público. Sobressaiu a iluminação; a banda quase que era ofuscada por uma espécie de muro de luzes que dava todo um aparato cénico, sem evidentemente distrair do elemento auditivo. O pior foi fotografar o concerto com todas aquelas luzes, era praticamente impossível. Todos os músicos se tornaram vultos. É ainda de realçar o "ataque massivo" de mensagens contra a guerra no Iraque. Já em 2002, a banda havia tomado uma posição pública sobre o estado de guerra que se vive na fronteira iraquiana e as intenções norte-americanas de intervir militarmente no país liderado por Saddam Hussein. Aliás, Robert "3-D" Del Naja chegou a deixar uma mensagem no site oficial da banda, manifestando-se contra a intenção dos Estados Unidos e pediu mesmo a unidade dos músicos britânicos para impedir a ida das tropas de Sua Majestade para aquela região do Médio Oriente. No muro luminoso foram, então, passando fugazmente números chocantes relativos a mortes de militares e ao dinheiro gasto na guerra.
Elizabeth Fraser destilou todo o seu poder vocal e demonstrou mais uma vez a fantástica intérprete que é. Não admira que "Teardrop" tenha sido evidentemente um dos momentos altos do concerto. Isto sem desprezar todas as outras participações que foram tão valiosas como as de Elisabeth. O público do Norte mostrou novamente como se recebe bem uma banda e calorosamente cantarolou alguns dos temas, acompanhou os ritmos com palmas, não poupou assobios às vozes que arrepiavam qualquer um e, após uma saída repentina do palco, bateu incansavelmente com os pés no soalho já antigo e estremeceu o Coliseu para mais uns minutinhos de viagem. E assim foi. Entretanto, a banda de Bristol está também a preparar «Weather Underground», o próximo disco de originais. E (preparem-se) já está confirmada a participação de Mike Patton neste novo álbum!
Data: 10 de Junho 2006
Preço: 25 e 30 euros
Site Oficial: http://www.massiveattack.com/
Foto: Sara Santos Silva (a.k.a. Likas Meow)
Labels: Coliseu do Porto
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