Friday, May 11, 2007

Parkinson

Novo "surto" de Parkinson na cidade Invicta

Concertos n'AGaragem - Reportagens


Parkinson, a banda formada nos anos 90 por Nuno Norte, voltou ao Porto para actuar na Fábrica de Som, dia 31 de Março. No ar respirava-se rock, grunge, energia e boa disposição.



Num espaço exíguo e abafado, os Parkinson voltaram aos concertos de garagem na cidade do Porto. Dez anos depois, a banda recordou os seus temas antigos, assim como os “mais novos” num ambiente marcadamente intimista e familiar. A organização estava muito longe de ser das melhores: não havia ninguém para trabalhar na caixa, como já é costume na Fábrica de Som, e o concerto começou mais de duas horas depois. Porém, a banda entrou em palco animada e encheu rapidamente a sala. A simpatia, a simplicidade e a boa disposição foram uma constante toda a noite. Todos conviveram e os músicos tiveram a oportunidade de rever amigos de longa data.

Em entrevista à “Garagem”, Nuno Norte revelou que não é estranho voltar ao activo tanto tempo depois, porque o que deixaram para trás foi “um projecto inacabado que fazia todo o sentido recomeçar”. A formação da banda contou com a entrada de um 5º elemento – Tiago S. -, na guitarra que “veio trazer o peso e a força que [pretendiam] para este novo “surto” de Parkinson”. Com o tempo veio a disciplina, a paternidade, o emprego e as responsabilidades. No entanto, “a partir do momento em que [entram] em palco, a rebeldia e irreverência predominam”, tal como acontecia em 96 e 97 quando actuavam em bares. Também continuam a defender os mesmos ideais, apesar de “talvez não tão fervorosamente como quando [tinham] 16 e 17 anos.”

O percurso musical de Nuno Norte teve inúmeros altos e baixos: da banda passou para a rua e da rua para um concurso de televisão e para Filarmónica Gil. O músico admite que é irónico tocar com Parkinson por três euros e ter um álbum à venda por quase 18. “Como conheço os dois lados da música – o “corporativo” e o “rock’n’roll” não me faz impressão, tem a sua ironia”, confessa. Em relação às diferenças entre o público de Filarmónica Gil e de Parkinson, Nuno explica: “são dois projectos completamente distintos, mas que têm algo que os une: é música que faço com muito gosto e na qual me enquadro perfeitamente, é como se tivesse casa em dois países diferentes, mas que moram na minha alma.”

A inspiração de Parkinson vem de “sentimentos, opiniões, sensações, de toda a informação que o nosso cérebro recebe, mesmo quando não nos apercebemos disso”. Paralelamente à banda com influências de Nirvana e Queens of the Stone Age, o músico está também a trabalhar noutro projecto: “Lama”, que descreveu como “mais calmo que Parkinson, mas com um peso que vem mais do conteúdo, das letras, que são cantadas num português nu e cru, da carga, por vezes, negativa ou desesperante que alguns temas podem transmitir.” O vocalista de Parkinson admite ainda que “é muito difícil vender a dor e o sofrimento através da música em Portugal, a não ser que seja “dor de corno” e ironicamente referiu “mas para isso temos o Mikael C e o “rockzinho” dos Dzrt.”

A Internet é uma componente cada vez mais significativa na divulgação de novos projectos e Nuno Norte compara-a a “um casal de namorados, em que um ajuda o outro a crescer (música), mas também o limite e lhe rouba poder, ou seja, é óptimo para a divulgação, mas devido aos downloads ilegais, tira aos músicos, aquilo que é seu de direito, como qualquer outro trabalhador de qualquer ramo que não receba no fim do mês pelo trabalho que lhe compete.”

Quanto a projectos para o futuro de Parkinson, Nuno Norte revelou: “nós estamos à procura de editora, não descartamos a hipótese de fazer uma edição de autor e entretanto a máxima é dar bastantes concertos para “contagiar” o público com a nossa “doença”, o resto o tempo dirá”.

Reportagem: Sara Santos Silva
Fotos: Sara Santos Silva

in http://www.agaragem.com/1/bandas/index2.php?parte=concertos&id=54

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