Friday, August 17, 2007

A "Ponte das Barcas" do Rock'n'Roll

Recordemos: 29 de Março de 1809. Esta é a data da célebre catástrofe da Ponte das Barcas, no Porto, em que milhares de vítimas pereceram quando fugiam, através da ponte, às cargas de baioneta das tropas invasoras francesas do marechal Soult.

Perguntam-me vocês: Sim, e que é que isso tem que ver com o concerto de Wraygunn? Calma, meus amigos. Vamos por partes.


17 de Agosto de 2007. Esta sim, é a data de um concerto de Wraygunn, no Rock às Sextas, que decerto ficará na história do rock português.

Para quem já tinha visto esta banda de Coimbra actuar, já sabia que teria de ficar até ao final. De facto, ontem foi um exemplo disso. Nunca tinha visto tanto público a fazer tão pouco barulho. Era uma massa amorfa e distante. Os fãs andavam por lá espalhados, os amantes do rock… e depois, senhoras de terceira idade, jovens mais amantes do puntz puntz do que de boa música, e afins (que nem me vou dar ao trabalho de descrever).

“Eu ia dizer uma coisa, mas esqueçam. Eu hoje estou um bocado parvo”; “Isto vai correr bem…”, repetia Paulo Furtado. Sinceramente, podia ter sido o pior concerto do ano de Wraygunn, mas sempre soube que não eram desistentes. E ainda bem que não desmotivaram por completo, porque a última meia hora compensou toda a primeira parte!

Tudo começa quando o Furtado diz algo do género: esta ponte está a separar-nos, por isso, se não for contra as leis de Gaia, desafio-vos a subir para aqui, para ficarmos mais próximos.

Adivinhem: começa tudo a correr para a mini-ponte, sentam-se, e, segundos depois, cai tudo no lago. LINDO! Depois de longos berros em uníssono, desata-se tudo a rir. Aparentemente, ninguém se magoou, o público despertou, a banda ficou algo estupefacta, e quem conseguiu subiu mesmo ao palco. Começa tudo aos saltos, em mini moshes, a dançar em cima do palco (personagens como um tal “Zé Tó”, em tronco nu, a fazer a festa sozinho, um rapaz que parecia um dos irmãos Shiva do Vai Tudo Abaixo…), só visto!

É caso até para dizer que foi preciso a ponte cair para o espírito rock’n’roll vir ao de cima. Toda a banda parecia relativamente desmotivada desde o início. Deduzo que tenha sido por perceberem que o seu público tinha sido esmagado por uma multidão que estava ali apenas por curiosidade, ou porque nem tinha nada que fazer.

Wraygunn, muito mais motivado, actua como bem sabe. Toda a banda tem cada vez mais noção de espectáculo, particularmente Paulo Furtado, que se juntou ao público, com aquele seu toque intimista e provocador. Raquel Ralha e Selma Uamusse brilharam com sensualidade, mais uma vez. Os convidados de Blind Zero não tiveram grande sorte, porque actuaram antes da “mítica” queda da ponte.

A interacção com os presentes mudou todo o espectáculo. Toda a dinâmica alterou-se substancialmente e… que grande concerto!! A avaliar pela primeira parte, como já referi, não seria de esperar, mesmo já tendo visto Wraygunn algumas vezes.

No fim, estava tudo maravilhado. Tirando alguns broeiros (desculpem) que para lá andavam a fazer comentários do estilo: "As bailarinas podiam mexer-se melhor". As quem???? Só não lhes mandei um estalo, porque com pessoas destas nem vale a pena.

Parabéns aos Wraygunn!

P.S.: Destaque para a simpatia e preocupação da Raquel e da Selma no final do concerto.
P.S.2: Os baixos continuam muito altos, senhores técnicos de som!
P.S.3: Os jacks, que saíam continuamente da guitarra de Furtado.
P.S.4: As fotos e os vídeos são todos da minha autoria, gravado com uma simples Cybershot de 4,1 Megapixels, lamento a falta de qualidade, desde já.

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